Indicam-se duas possíveis abordagens a esta pergunta: uma delas é a que segue, a outra virá muito em breve.
Cenário A
Sim.
Há razões para ter medo das decisões do reitor, porque possui um enorme poder de decisão, vinculado e discricionário, que a lei e os estatutos põem a seu cargo.
Cabe-lhe o poder de distribuir verbas; o de afectar lugares do quadro de pessoal; o poder de abrir concursos; o poder disciplinar e o de abrir inquéritos; o poder de autorizar despesas; o poder de permitir acumulações de serviço; o poder de nomear pessoas para diversos cargos e tantos outros. Daria uma extensa lista a enumeração de todos esses poderes.
Ora quem exerce tanto poder de decisão pode praticar actos ilegais, injustos ou prepotentes, mesmo que esteja vinculado à lei e essa possibilidade acresce no exercício de poderes discricionários.
Dir-se-á que há remédio para isso, pois temos tribunais a quem recorrer, se for caso disso. Mas quem pode confiar numa decisão justa e em prazo razoável dos tribunais? E as custas processuais, os advogados e a perturbação na vida pessoal e profissional?
Ter medo das decisões que o reitor possa tomar acaba assim por ser, numa Universidade, a atitude mais “razoável”.
Dito doutro modo: estar de bem com o reitor de turno, ter canais de acesso a ele em momentos mais complicados, é a atitude mais "inteligente" nomeadamente para quem quer trabalhar descansado, fazer "carreira" sem problemas ou aumentar a sua influência.
Proceder doutro modo é entrar por um caminho perigoso.
Daí que ocorra muito frequente, nas universidades, uma atitude de reverência e mesmo subserviência em relação ao reitor (reitoria, por extensão).
António Cândido de Oliveira