quinta-feira, 5 de maio de 2016

Sobre o Enterro da Gata

Dizia-me, há dias, um estudante com ironia: “É uma pena que o Enterro da Gata não dure duas semanas, pois assim tinha mais tempo para estudar…”. 
Na verdade, há estudantes e estudantes. Há estudantes que precisam de obter a licenciatura e uma boa média e se preocupam, especialmente nesta altura do ano, com o estudo, deixando para lugar secundário festas académicas. Há, por outro lado, aqueles para quem estas festas são, como que o ponto mais alto do ano letivo, ficando para segundo plano o estudo.
Como quase sempre, a virtude está no meio. Nem um pôr de lado a participação em alguns atos dos festejos académicos, nem fazer dessa semana o tempo de todos os excessos.
Têm muito sentido as festas académicas celebradas dentro de limites razoáveis. A alegria desta importante etapa da vida estudantil não pode estar numa bebedeira à moda antiga (bebidas alcoólicas) ou moderna (drogas da mais variada espécie) ou, pior ainda, numa mistura de ambas.
A alegria deve estar no pleno gozo das faculdades mentais, participando na festa em comunhão com a família, colegas e amigos, celebrando o êxito de um ano de estudo.
Infelizmente, as festas académicas comercializaram-se, tornaram-se um negócio que movimenta muito dinheiro e os excessos envergonham não só quem os comete como aqueles que os observam ou sentem, por outros motivos, os efeitos.
É de aceitar que se gastem anualmente no nosso país vários milhões de euros neste período? E muitas despesas não estão contabilizadas, pois nelas não entram muito do que se gasta em restaurantes, bebidas, transportes e outros.
O que, por vezes, mais choca nestes tempos que vivemos é que haja famílias que apoiam esses excessos, dando aos filhos ou parentes próximos meios financeiros que bem poderiam e deveriam ser utilizados em algo muito mais significativo e enriquecedor para os destinatários desse dinheiro.
E os alunos devem lembrar-se que, na sua esmagadora maioria, chegaram onde chegaram, por virtude da família a quem devem estar particularmente gratos. Mas quanto a gratidão nos dias de hoje o excesso não existe, existindo antes um muito triste défice.
PS - Tive muita pena de não acompanhar mais de perto o “II Encontro Internacional de Causas e Valores da Humanidade” que ocorreu em princípios de Abril em Fafe – Terra Justa. Foi muito rico o programa apresentado. Ainda pensei escrever algo sobre essa iniciativa. O tempo é escasso e os assuntos em agenda são tantos que não foi possível. Espero poder participar no III Encontro, em 2017, pois as expectativas criadas são elevadas.
Sobre o Enterro da Gata António Cândido de Oliveira Infelizmente, as festas académicas comercializaram-se, tornaram-se um negócio que movimenta muito dinheiro e os excessos envergonham não só quem os comete como aqueles que os observam.

in Diário do Minho