terça-feira, 14 de dezembro de 2021

A Democracia na Universidade e os Estudantes

Tiveram lugar muito recentemente (7.12.21) as eleições, por voto electrónico, para os corpos sociais da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) e nomeadamente para o seu presidente. Estas eleições foram pouco divulgadas , mas é de todo o interesse que se dê a atenção devida à AAUM e naturalmente às eleições que nela ocorrem As deste ano terminaram com a escolha para presidente de Duarte Lopes, aluno da Escola de Direito, com mais de 60% dos votos, deixando longe os outros dois candidatos Lucas Gonçalves e Hélder Matos.

Mas o facto mais significativo e recorrente foi, mais uma vez, a elevadíssima percentagem de abstenção de quase 80%. É pena ser presidente da AAUM com pouco mais de 2.000 votos em quase 18.000 eleitores. Afigura-se claro que um dos maiores êxitos do mandato destes corpos sociais acabados de eleger será colocar em próximas eleições a abstenção a rondar os 50%. É difícil? Não. Apenas dá trabalho.

Bastará que os estudantes tomem consciência, recebendo a conveniente informação, do poder que possuem na vida democrática das universidades e assim da Universidade do Minho. Basta lembrar, desde logo, que eles podem determinar a escolha do reitor da Universidade e assim sucedeu muito recentemente. O reitor é eleito pelo conselho geral e os estudantes elegem quatro dos dezassete membros eleitos deste órgão (os funcionários elegem apenas um) e o seu voto muito conta na cooptação dos seis membros externos, quando os professores eleitos (doze) têm opiniões diferentes sobre o governo da universidade e se dividem ao meio ou quase, como tem ocorrido.

Os estudantes têm também influência na escolha dos órgãos das escolas a que pertencem e do seu curso. Tendo consciência destes poderes devem ter a correspondente responsabilidade, sob pena de se colocar a questão de saber se merecem os poderes que têm.

Cabe-lhes acompanhar a gestão da universidade, debater os problemas dela em geral e da sua escola em particular. Por sua vez, os seus eleitos no conselho geral devem prestar-lhes regularmente contas. Têm também o direito e o dever de exigir o melhor dos professores e ter sobre eles uma atitude crítica (positiva ou negativa) sempre com respeito devido pela posição de uns e outros

Mal de uma Universidade quando os seus alunos são meros utentes e não cidadãos. Utentes que identificam a sua Universidade apenas com o seu curso, quando há muito mais mundo do que este. Contribuir para que os estudantes saiam da Universidade melhores cidadãos é uma tarefa a que toda a academia é chamada. Desde a AAUM aos professores e demais pessoal da Universidade, sem esquecer os meios de comunicação social universitários e não universitários.
 
(Artigo de opinião publicado no Diário do Minho, de 14 de dezembro de 2021)