sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Demissão da Pró-Reitora Felisbela Lopes

A Comunidade Académica recebeu no dia 25 de Setembro de 2014 o seguinte comunicado do Reitor da Universidade do Minho:
 
"A Professora Felisbela Carvalho Lopes cessa, a partir de hoje, a seu pedido, funções como Pró-Reitora para a Comunicação da Universidade do Minho.
Neste momento, quero reconhecer e agradecer publicamente o excelente trabalho realizado pela Profª Felisbela Lopes no desempenho destas funções, nomeadamente, na estruturação de um Gabinete de Comunicação e Imagem adequado ao atuais desafios da Universidade, bem como na concretização de uma estratégia de comunicação que se traduziu num notável acréscimo da visibilidade da Universidade."
 
A pergunta coloca-se naturalmente: quais as razões desta demissão?
Repare-se que nem sequer são invocadas razões pessoais.
Que se passa ou passou?

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Praxe e Falta de Informação


             I - O Ministério da Educação e a Praxe

O Ministério da Educação e Ciência lançou ontem - e muito bem -  uma campanha  nacional contra a violência física e psicológica na praxe académica que inclui a disponibilização de um endereço electrónico para denunciar abusos.

                Deve dizer-se antes de mais que,  por muita distinção que se queira fazer entre a praxe boa e a praxe má,   a violência física e psicológica faz parte da praxe que se pratica nas instituições de ensino superior e na Universidade do Minho em particular (falo desta por conhecimento pessoal de muitos anos). A praxe ideal feita somente de brincadeiras de bom ou mau gosto não existe.

Por esse motivo, a única possibilidade que um aluno (ou aluna)  tem de não ser vexado na sua dignidade é não se submeter à praxe. E enquanto uma aluna (ou aluno) for incomodada  direta ou indiretamente por não se sujeitar à praxe numa qualquer  instituição de ensino superior, nessa instituição ainda não se protege a dignidade das pessoas.

Na praxe que vemos por aí não são só os novos alunos que são humilhados, são  todos os que fazem parte dessa instituição e daí o dever de todos (professores, funcionários e alunos) de impedir que tal aconteça.
II - A Tragédia de Gualtar

Em 23 de Abril do corrente ano, três alunos da Universidade do Minho morreram e quatro ficaram feridos na sequência da derrocada de um muro, junto ao campus de Gualtar.

Saiu há dias um relatório interno da Universidade do Minho que concluiu, ao que parece, pois não tive ainda  a oportunidade de o ler na página da Universidade, que a responsabilidade pela queda do muro foi dos próprios estudantes.

Seguramente que esta não é uma resposta satisfatória e que estão a decorrer outras diligências ou o relatório diz algo mais. Na verdade, que o acidente ocorreu entre estudantes  da universidade do Minho, é certo. Mas houve certamente alguns em concreto que foram responsáveis pelo acidente. Dizer que foram os “estudantes” não é nada. Há que averiguar ao pormenor o que se passou, o contexto daquela tragédia e, entre outras coisas, porque estava ali um muro  que, segundo se diz,  não só não tinha as mínimas condições de segurança como já não cumpria qualquer função.

Passar uma esponja sobre o que sucedeu, é muito grave. Não se trata sequer de punir severamente quem prevaricou. Trata-se de impedir que, na medida do possível,  coisas destas voltem a acontecer. Para isso, toda a verdade e todas as medidas em consequência dela são necessárias e devem ser devidamente divulgadas e não foram ainda, segundo se sabe.
 
III - O Caso do Professor de Psicologia

No dia 23  de Janeiro deste ano de 2014, salvo erro, um professor de Psicologia da Universidade do Minho, no cumprimento do seu dever de cuidar da dignidade da instituição de que faz parte, foi humilhado , em pleno dia e em local central e muito frequentado  do Campus de Gualtar da UM por estudantes (“doutores”). Como se escreveu e largamente divulgou, na altura, o professor foi “praxado”.
Passaram-se já mais de oito meses. Foi instaurado  um inquérito pelas autoridades académicas. Qual o resultado? Também aqui temos o direito (e o dever) de saber ao pormenor o que se passou. Quando o saberemos? O tempo já foi mais do que suficiente.

                                                                              António Cândido de Oliveira´

(texto publicado no Diário do Minho  de 10 de Setembro de 2014)

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Praxe e falta de informação

António Cândido de Oliveira

I
O Ministério da Educação e Ciência lançou ontem – e muito bem – uma campanha nacional contra a violência física e psicológica na praxe académica que inclui a disponibilização de um endereço electrónico para denunciar abusos.
Deve dizer-se antes de mais que, por muita distinção que se queira fazer entre a praxe boa e a praxe má, a violência física e psicológica faz parte da praxe que se pratica nas instituições de ensino superior e na Universidade do Minho em particular (falo desta por conhecimento pessoal de muitos anos). A praxe ideal feita somente de brincadeiras de bom ou mau gosto não existe.
Por esse motivo, a única possibilidade que um aluno (ou aluna) tem de não ser vexado na sua dignidade é não se submeter à praxe. E enquanto uma aluna (ou aluno) for incomodada direta ou indiretamente por não se sujeitar à praxe numa qualquer instituição de ensino superior, nessa instituição ainda não se protege a dignidade das pessoas. Na praxe que vemos por aí não são só os novos alunos que são humilhados, são todos os que fazem parte dessa instituição e daí o dever de todos (professores, funcionários e alunos) de impedir que tal aconteça.

II
Em 23 de Abril do corrente ano, três alunos da Universidade do Minho morreram e quatro ficaram feridos na sequência da derrocada de um muro, junto ao Campus de Gualtar.
Saiu há dias um relatório interno da Universidade do Minho que concluiu, ao que parece, pois não tive ainda a oportunidade de o ler na página da Universidade, que a responsabilidade pela queda do muro foi dos próprios estudantes.
Seguramente que esta não é uma resposta satisfatória e que estão a decorrer outras diligências ou o relatório diz algo mais. Na verdade, que o acidente ocorreu entre estudantes da Universidade do Minho, é certo. Mas houve seguramente alguns em concreto que foram responsáveis pelo acidente. Dizer que foram os “estudantes” não é nada. Há que averiguar ao pormenor o que se passou, o contexto daquela tragédia e, entre outras coisas, porque estava ali um muro que, segundo se diz, não só não tinha as mínimas condições de segurança como já não cumpria qualquer função.
Passar uma esponja sobre o que sucedeu, é muito grave. Não se trata sequer de punir severamente quem prevaricou. Trata-se de impedir que, na medida do possível, coisas destas voltem a acontecer. Para isso, toda a verdade e todas as medidas em consequência dela são necessárias e devem ser devidamente divulgadas e não foram ainda, segundo se sabe.

III
No dia 23 de Janeiro deste ano de 2014, salvo erro, um professor de Psicologia da Universidade do Minho, no cumprimento do seu dever de cuidar da dignidade da instituição de que faz parte, foi humilhado, em pleno dia e em local central e muito frequentado do Campus de Gualtar da UM por estudantes (“doutores”). Como se escreveu e largamente divulgou, na altura, o professor foi “praxado”.
Passaram-se já mais de oito meses. Foi instaurado um inquérito pelas autoridades académicas. Qual o resultado? Também aqui temos o direito (e o dever) de saber ao pormenor o que se passou. Quando o saberemos? O tempo já foi mais do que suficiente.

PS – Espero na próxima semana escrever sobre a transparência dos partidos, conforme o prometido. Até esta data, apenas o PCP respondeu. Será este o único partido a responder? 
Autor: António Cândido de Oliveira

in Diário do Minho.