quarta-feira, 24 de abril de 2019

Conselho Geral da UM: os estudantes votam?

Está a decorrer, desde 16 de abril de 2019, o procedimento de eleição para os representantes dos estudantes, no conselho geral da universidade.

A eleição realiza-se a 5 de junho, mas andará muito desatento quem pense que ainda há muito tempo para decidir estas eleições. A primeira grande decisão é a apresentação de candidatos (de bons candidatos), e ela tem de ser feita até ao dia 3 de maio, ou seja, dentro de uma semana.

Se for como de costume, os estudantes estarão, na sua esmagadora maioria, a leste destas eleições e os candidatos serão escolhidos por um pequeníssimo número deles e quando chegar o dia da votação, pouco terão por onde escolher.

A prática democrática tarda a chegar às universidades, mesmo quando o governo delas é regido por normas democráticas.

Na verdade, o governo das universidades assenta no conselho geral, que é uma espécie de assembleia municipal, contendo importantes poderes, e na reitoria, que é uma espécie de câmara municipal, onde pontifica o reitor, que tem o poder de escolher a sua equipa de vice-reitores e pró-reitores (concentrando, assim, mais poder do que o presidente da câmara).

É verdade que as universidades-fundação, como é o caso da Universidade do Minho, têm, ainda, outro órgão que é o conselho de curadores, mas a importância prática deste órgão ainda está por verificar.

O conselho geral das universidades, que tem um poder maior do que a assembleia municipal, que é o de eleger o reitor, é composto, na Universidade do Minho, por 23 membros. Destes, 12 são eleitos por professores e investigadores, 4 pelos estudantes, 1 pelos funcionários e estes dezassete cooptam 6 elementos externos (personalidades de reconhecido mérito).

O mandato destes membros do conselho geral é de quatro anos, exceto o mandato dos estudantes, que é, apenas, de dois anos, o que se explica pela mobilidade deste corpo da academia. É por essa razão que, durante o mandato do conselho geral, existe uma eleição intercalar, renovando o corpo de estudantes.

O papel do corpo discente é, muitas vezes, decisivo nas deliberações a tomar e no sentido a dar à universidade a que pertencem.

Daí a importância destas eleições e a necessidade de que estejam devidamente preparados para assumir as suas responsabilidades.

O relevo que será dado a estas eleições, ou a falta dele, nomeadamente na comunicação social, será um bom indicador da vitalidade da academia.
  
(Artigo de opinião publicado no Diário do Minho de 24-4-2019)