terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Fusão de Universidades em Lisboa

A fusão da Universidade, dita Clássica, com a Universidade Técnica, ambas de Lisboa, parece, para quem está de fora, uma boa ideia.
São duas universidades grandes, tendo em conta o que é grande no nosso país, mas complementares e a fusão faz nascer uma universidade completa que, até agora, Lisboa não tinha.
No que toca à Universidade do Minho esta fusão, a meu ver, não a afecta, apenas exigindo dela uma particular atenção no sentido de que os tempos são de decisões estratégicas e que não há lugar nem para a facilidade nem para o imobilismo.
A eventual ideia de uma fusão com a Universidade do Porto não parece ser uma boa ideia, nem para cada uma delas, nem para a região.
Não deixa de ser interessante, por outro lado, que a nova Universidade de Lisboa reclame um estatuto idêntico ao das fundações previstas no RJIES, por causa da autonomia. Repare-se que não se fala em passar a fundação mas em beneficiar dos respectivos benefícios financeiros. Como temos defendido não é preciso ser fundação para ter mais autonomia. O que é preciso é que a autonomia financeira seja efectiva e para isso a dos municípios, com algumas adaptações, serve de exemplo.
Outro aspecto a ter em atenção é o pedido (exigência?) do apoio claro do Governo à fusão. Curiosamente este pedido não é uma afirmação de autonomia. Parece mais um pedido de ajuda privilegiada. Ora, a nova universidade não deve ter privilégios.
Do Governo, o que pode e deve pedir-se é que esclareça qual a sua política em relação ao ensino superior e nomeadamente em relação às universidades, tratando todas com critérios objectivos de equidade.
É este um assunto a seguir com a melhor atenção.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Dia da Universidade - Alguns Apontamentos

Muito haveria a dizer sobre o Dia da Universidade hoje comemorado. Na impossibilidade de tempo (e um primeiro apontamento para a muito interessante oração de sapiência do colega Armando Machado da Escola de Psicologia que versou exactamente o tempo e a sua percepção) para uma descrição, seguem breves notas.

A intervenção do Reitor - ainda que um pouco longa - teve conteúdo e dava matéria para largo comentário. Apenas duas afirmações (pena é que o discurso não esteja já disponível no "site" da UM para as reproduzir integralmente):
" Apesar das dificuldades, estamos a cumprir o programa de acção para 2009-2013" (Pode concluir-se daqui que os cortes do Governo apenas atingiram, até agora, as "gorduras" da UM?)
"A autonomia das universidades é atacada todos os dias e ainda esta semana o decreto-lei de execução orçamental..."
(Ainda existe autonomia depois de tantos ataques?)

A curta intervenção do Presidente da AAUM foi demasiado reverente desde logo em relação ao Reitor mas também em relação ao Governo. A irreverência (que não implica má educação mas exige dizer coisas que só os estudantes sabem dizer) anda desde há muitos anos arredada destes discursos. Fica a sensação de uma AAUM submissa.

A intervenção do Secretário de Estado do Ensino Superior não correspondeu às expectativas. Quem esperava, como eu, uma intervenção política séria sobre o ensino superior e seus problemas actuais continua à espera.
(Fique-se pelo menos a saber que continuam a ocupar boa parte do tempo dos governantes problemas burocráticos como rimas de papel e a mudança de verbas de uma rubrica para outra...).

Uma nota final ainda: a quantidade de pessoas que acorrem a esta cerimónia anual impressiona e deve obrigar-nos a reflectir.

Dia da Universidade - O Secretário de Estado

Ao contrário do que é habitual o Dia da Universidade é comemorado este ano apenas da parte de tarde, poupando-se assim o tradicional almoço na Casa-Museu Nogueira da Silva.Foi uma boa decisão, dando um sinal em tempo de crise e não se perdendo nada de substancial da cerimónia.
Quanto a esta existe uma natural expectativa quanto ao que irá dizer o Secretário de Estado do Ensino Superior, o Professor Doutor João Filipe Queiró. Já o referimos aqui a propósito de um livro que escreveu, em 1995, sobre a universidade portuguesa, em 17 de Setembro de 2011, mas hoje o que nos interessa é saber qual é a política do ensino superior do governo a que pertence. Uma vez que a atitude perante a crise não pode ser a de baixar os braços mas agir, é dessa acção que esperamos ouvir falar. E falar de coisas concretas. De política a sério.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

SDUM - O Perigo da Leitura Domiciliária

Corre na academia que uma das consequências do novo regulamento dos SDUM foi uma considerável diminuição do número de leitores entre os docentes/investigadores.
Dados os perigos e trabalhos que a leitura no domicílio encerra, os docentes e investigadores da Universidade do Minho resolveram o problema de um modo bem simples: deixaram de requisitar livros ou diminuiram drasticamente o número dos mesmos.
Pela minha parte cada vez mais recorro a bilbliotecas mais amigas e compreensivas, sem deixarem de ser rigorosas.
De qualquer modo como isto é um problema que não é apenas meu e tem a ver com o bom funcionamento de um serviço da UM procurarei obter uma informação mais detalhada.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Planeamento Estratégico da UM - Uma Inovadora Experiência de Participação

Quem se der ao trabalho de ler os contributos de dezenas de grupos de trabalho e das UOEI sobre planeamento estratégico da UM recentemente publicados em www.conselhogeral.uminho.pt (secção "documentos")verá como é possível gerir uma universidade de forma diferente. Verá como é possível chamar à participação docentes,alunos e funcionários, utilizando um método aparentemente (só aparentemente) estranho: o sorteio. Verá como essa participação é valiosa. Verá ainda a preocupação do Conselho Geral da UM de se abrir à academia (a tendência dos órgãos de governo das universidades é, pelo contrário para se fecharem na sua auto-suficiência). Concluirá finalmente que ainda há muito para fazer no sentido da gestão participada com a finalidade de levar mais longe a Universidade de que somos membros.
ACO
Nota: É preciso dizer que esta experiência partiu de um desafio, em boa hora lançado, pelo Prof. Alcino Silva, elemento externo do CG.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Centro de Congressos no Campus de Gualtar

O GCII da UM dava, no dia 3 de Fevereiro de 2012, a seguinte informação:
“UMinho vai construir Centro de Congressos em Gualtar - RUM, 1 fevereiro”
“A Universidade do Minho vai construir um Centro de Congressos junto ao Campus de Gualtar, em Braga, nos terrenos da conhecida Quinta dos Peões. Uma revelação adiantada pelo vice-presidente da Câmara de Braga Vítor de Sousa numa entrevista conjunta à Rádio Universitária e ao Diário do Minho, na qual também referiu que “tudo deve ficar decidido até ao Verão”. Quanto à nova Sede da Associação Académica da Universidade do Minho também irá ficar instalada neste local, mas deverá ser construída em duas fases, devido ao investimento que implica".

Se a informação está certa, como se deseja, e se trata, como se diz, de uma "revelação", ou seja do anúncio público de algo que até agora estava no domínio reservado, cumpre-me dizer o seguinte:
A construção de um Centro de Congressos na Quinta dos Peões, junto ao Campus de Gualtar, é uma boa notícia e o mesmo se diga da construção da nova sede da AAUM. O que interessa saber é o modo de concretização. A notícia do Dário do Minho adianta algo mais e fala de um protocolo (da Câmara) com a Universidade do Minho, o que também se saúda.
As questões que naturalmente se colocam são de natureza financeira. Diz-se que é a Universidade do Minho que vai construir o Centro de Congressos. Tudo bem. Mas com que dinheiro?
Acresce que os terrenos em questão são, que se saiba, particulares.
O que significa que a concretização destes projectos implica um triângulo que envolve a Câmara Municipal, a Universidade do Minho e o(s) proprietário(s). Nada a opor desde que tudo seja, como deve ser, transparente, desde logo, nos procedimentos.
É óbvio que o(s) dono(s) daquela quinta querem tirar proveito, querem naturalmente contrapartidas. Mas quais são elas? Em que contexto vai surgir a urbanização da Quinta dos Peões, pois é disso que se está a falar?
Braga não tem boa fama em matéria de urbanismo mas isso não impede que, desta vez, as coisas possam ser feitas como devem, isto é, como manda o direito do urbanismo.
Mas pedir que se cumpra o direito do urbanismo em vigor no nosso país não será pedir muito?
Importa aguardar e ver.