Qualquer
cidadão ou cidadã, em qualquer parte do mundo, pôde e pode assistir à audição
pública do candidato a reitor da Universidade do Minho, Professor Pedro Arezes
Neiva realizada, em 30 de outubro de 2025, no Salão Nobre da Reitoria. Está disponível na
net.
É uma audição
com muito interesse, revelando um candidato - e agora já reitor - bem preparado, submetido a um intenso
escrutínio de mais de mais de três
horas, de tal modo que não consegui ouvi-la por inteiro.
Do que ouvi,
saliento a vontade firme de manter a Universidade do Minho como uma
Universidade completa, tarefa que não foi fácil, sendo de lembrar, nesse sentido, os esforços bem
sucedidos entre outros dos reitores Lúcio Craveiro da Silva e Sérgio Machado
dos Santos e respectivas e conceituadas equipas reitorais. Repare-se que das
universidades novas criadas a partir de 1973, fora de Lisboa, apenas a do Minho
se pode considerar completa no sentido de abranger os saberes universitários tidos
como fundamentais. Da audição, saliento também a preocupação com a formação de
cidadãos, pois não basta a formação académica para termos bons engenheiros,
bons juízes, bons médicos, bons professores e tantos outros profissionais muito
qualificados de diversas áreas, que enriquecem um país.
Ao longo da
longa audição foram abordados muitos assuntos e problemas da nossa Universidade
que não pude acompanhar por inteiro, nem teria espaço para mencionar aqui, mas realço alguns que, mesmo não sendo os
principais, têm também interesse e ouvi. Embora a Universidade da Minho seja fisicamente bipolar ou mesmo multipolar,
a atenção neste artigo está mais voltada para o polo de Braga, que conheço
melhor.
A Universidade
do Minho tem um património edificado rico e extenso, muito dele construído nos
últimos 50 anos, precisando de ser devidamente cuidado. Há edifícios de Escolas
e outros a precisar urgentemente de obras, pois estão há décadas, sem a
manutenção necessária. São trabalhos pouco vistosos, mas fundamentais.
De entre o património mais antigo é de mencionar edifício do Castelo que pode e
deve merecer a melhor atenção. É importante que a Universidade esteja bem visível
no centro da cidade, uma vez que o Campus de Gualtar fica afastado. O edifício do Castelo deveria ser
um lugar onde, com boa periodicidade e
planeamento, a Universidade do Minho organizaria cursos breves, seminários e
tantas outras actividades nos mais diversos sectores científicos, dirigidas à
academia e à sociedade, tendo como pano
de fundo a formação de cidadãos.
Negação da
cidadania continuam, porém. a ser as
praxes humilhantes praticadas ao longo
de todo o ano pela cidade, uma vez que foram impedidas - e bem - de se realizarem dentro do Campus.
Há aqui muito trabalho ainda a fazer, pois, mesmo feitas na cidade são
estudantes da Universidade do Minho que dão um triste retrato de si e da
Universidade e que frequentemente incomodam moradores quando feitas na
imediação do Campus de Gualtar e de outros lugares. Uma intervenção da polícia
municipal ou da PSP justifica-se plenamente, pois trata-se de cumprir, por exemplo, a lei e regulamentos municipais relativos ao ruído.
Um problema a
resolver ainda é o dos transportes. Quem
visita o Campus de Gualtar fica impressionado com a quantidade de “latas”, leia-se automóveis, às centenas, a preencher espaços alcatroados,
que bem poderiam ser utlizados para melhores fins, acrescendo ainda outras centenas abrigados em parques cobertos. É preciso pôr
termo a isso, pois estes objectos empobrecem
o Campus de Gualtar. Isso faz-se intensificando-se nomeadamente o transporte
público. Com pequenos autocarros circulando continuadamente dentro do Campus
poderia dispensar-se tal espectáculo. Bastaria que houvesse bom planeamento e organização.
E ficam aqui
por abordar assuntos do maior interesse como a burocracia excessiva que atormenta tudo e
todos, os problemas do pessoal não
docente, a progressão na carreira dos docentes e investigadores, os desafios da
IA, a autonomia das escolas e tantos
outros. Vale a pena ouvir a audição.
(DM-13-11-25)