As eleições para o Conselho Geral
e depois para Reitor são, na Universidade do Minho como em qualquer
Universidade estadual, um momento da
maior importância. Trata-se de escolher quem bem a governe. E o que é governar
bem uma Universidade? É fazer com que ela cumpra bem o seu dever.
E qual é o seu dever? A resposta
parece fácil e pode ser a seguinte: formar bons médicos, bons juristas, bons
cientistas, bons engenheiros, bons economistas,
bons arquitectos e bons profissionais noutros ramos do saber que
ministra. Esta resposta é, no entanto e a meu ver, errada.
O dever da Universidade é
contribuir para formar cidadãos e cidadãs que sejam bons médicos, bons
juristas, bons cientistas, bons engenheiros, bons economistas, bons arquitectos
e bons profissionais noutros ramos do saber.
Parece que é a mesma coisa e não
é. Faz toda a diferença. No primeiro caso poderemos ter profissionais
excelentes que poderão ser um desastre como
pessoas. No segundo teremos bons profissionais que serão pessoas, em princípio, bem formadas.
E como se faz essa formação? Faz-se
desde o primeiro dia de entrada na Universidade. Dar a conhecer a Universidade em que entram,
a sua finalidade ( e aqui já entra a formação de cidadãs e cidadãos), a sua
estrutura ( e assim as suas diversas unidades orgânicas) e os direitos e os
deveres ( estão ambos ligados) dos estudantes
são o começo da formação destes.
De entre estes direitos e deveres
encontra-se o direito e o dever de
participar nos órgãos do seu Curso, da
sua Escola e da Universidade em geral. Um ponto alto dessa participação, ainda
que não se esgote nele - longe disso - é o direito e o dever de votar sempre
que são chamados a tal.
Votar para quê? Para contribuir
para um melhor curso, uma melhor escola, uma melhor Universidade. Ao contrário
do que alguns podem julgar, os alunos
podem dar um bom contributo para isso. Entretanto,
com pena o dizemos, a enorme maioria dos estudantes da Universidade do Minho (e
não só) não têm consciência desse direito/dever.
Vejamos o que se passou na muito
importante eleição do Conselho Geral da Universidade do Minho em 2021. O número
de estudantes inscritos nos cadernos eleitorais foi de 22.034 e destes votaram
3.150, ou seja, 14,30%. Isto representa
mais de 85% de abstenção. Esta percentagem vai manter-se ou aproximar-se nas eleições que se realizam este mês?
Veremos. Se tal suceder deverá
fazer-se, sem demora, uma adequada
reflexão para a qual a Universidade tem muitos meios.
(DM-6-3-25)