quinta-feira, 9 de maio de 2019

Informação e Opinião na Universidade do Minho

Um Reitor da Universidade do Minho teve, há cerca de quinze anos, a ideia (e concretizou-a) de criar um jornal dentro da Universidade que cumprisse as regras fundamentais do jornalismo e assim desde logo a liberdade de informação e de opinião, nomeando para o efeito um já então reputado professor e jornalista (Joaquim Fidalgo).

O jornal não durou muito e a história dele não está feita e é pena. Ficou a ideia de que não era fácil ter dentro da UM, que ensina e investiga no domínio da comunicação social, um jornal respeitador das regras do jornalismo que a Universidade ensina (para o exterior).

Permaneceu, entretanto, como reduto de liberdade de informação e de opinião a possibilidade de os membros da academia poderem comunicar, ainda que com alguma dificuldade de endereço, com todos os restantes, através do correio electrónico. É uma forma muito pobre, como se poderá ver de seguida, de dialogar, mas antes esta do que nenhuma.

Ainda há muito poucos dias uma aluna da UM fez circular junto de toda a academia o seguinte texto:

“(…) Não podia deixar passar esta oportunidade de transmitir a minha indignação pelos grupos de praxe desta Universidade que não têm um mínimo de respeito pelo próximo e incomodam todas as pessoas que residem nas redondezas da mesma (dentro do Campus de Gualtar alguém já referiu mas, já agora, quem estiver no CP2 também é afetado) com um barulho imenso durante praticamente 24h por dia e quase todo o ano.
A sério, revejam a vossa forma de estar na vida, tenham consideração pelos outros! Querem fazer praxe o ano todo? Façam algo de útil pela Humanidade, ou seja, praxe solidária! Por exemplo: façam voluntariado em instituições, vão limpar as matas e os rios, recolher bens para os mais necessitados, etc, etc,... A vossa imagem perante a sociedade vai ficar muito melhor e, acima de tudo, vão-se tornar melhores seres humanos!”.

Este texto mereceu esta resposta de outra aluna:

"Bom dia,
Claramente não está bem informada acerca das atividades que a praxe organiza, porque se estivesse sabia que não tem fundamento nenhum o que acabou de dizer. A nossa imagem só está denegrida por causa de mentes fechadas que partem do princípio que a praxe não serve para nada. Estão completamente errados.
Obrigada,"

(O diálogo não ficou por aqui e foi interessante, mas o espaço de que disponho impede-me de continuar, esperando terminar na próxima semana).

PS – É muito mais temível uma greve de 800 camionistas que transportam gasolina e gasóleo do que uma greve de 60.000 professores.

(Artigo de opinião publicado no Diário do Minho de 9-5-2019)