quinta-feira, 13 de novembro de 2025

A audição pública do novo reitor da Universidade do Minho

Qualquer cidadão ou cidadã, em qualquer parte do mundo, pôde e pode assistir à audição pública do candidato a reitor da Universidade do Minho, Professor Pedro Arezes Neiva realizada, em 30 de outubro de 2025,  no Salão Nobre da Reitoria. Está disponível na net.

É uma audição com muito interesse, revelando um candidato -  e agora já reitor -  bem preparado, submetido a um intenso escrutínio de mais de  mais de três horas, de tal modo que não consegui ouvi-la por inteiro.

Do que ouvi, saliento a vontade firme de manter a Universidade do Minho como uma Universidade completa, tarefa que não foi fácil, sendo  de lembrar, nesse sentido, os esforços bem sucedidos entre outros dos reitores Lúcio Craveiro da Silva e Sérgio Machado dos Santos e respectivas e conceituadas equipas reitorais. Repare-se que das universidades novas criadas a partir de 1973, fora de Lisboa, apenas a do Minho se pode considerar completa no sentido de abranger os saberes universitários tidos como fundamentais. Da audição, saliento também a preocupação com a formação de cidadãos, pois não basta a formação académica para termos bons engenheiros, bons juízes, bons médicos, bons professores e tantos outros profissionais muito qualificados de diversas áreas, que enriquecem um país.

Ao longo da longa audição foram abordados muitos assuntos e problemas da nossa Universidade que não pude acompanhar por inteiro, nem teria espaço para mencionar aqui,  mas realço alguns que, mesmo não sendo os principais, têm também interesse e ouvi. Embora a Universidade da Minho  seja fisicamente bipolar ou mesmo multipolar, a atenção neste artigo está mais voltada para o polo de Braga, que conheço melhor.

A Universidade do Minho tem um património edificado rico e extenso, muito dele construído nos últimos 50 anos, precisando de ser devidamente cuidado. Há edifícios de Escolas e outros a precisar urgentemente de obras, pois estão  há décadas,  sem a  manutenção necessária. São trabalhos pouco vistosos, mas fundamentais. De entre o património mais antigo é de mencionar edifício do Castelo que pode e deve merecer a melhor atenção. É importante que a Universidade esteja bem visível no centro da cidade, uma vez que o Campus de Gualtar  fica afastado. O edifício do Castelo deveria ser um lugar onde, com  boa periodicidade e planeamento, a Universidade do Minho organizaria cursos breves, seminários e tantas outras actividades nos mais diversos sectores científicos, dirigidas à academia e à sociedade,  tendo como pano de fundo a formação de cidadãos.  

Negação da cidadania continuam, porém.  a ser as praxes humilhantes praticadas  ao longo de todo o ano pela cidade, uma vez que foram impedidas  - e bem - de se realizarem dentro do Campus. Há aqui muito trabalho ainda a fazer, pois, mesmo feitas na cidade são estudantes da Universidade do Minho que dão um triste retrato de si e da Universidade e que frequentemente incomodam moradores quando feitas na imediação do Campus de Gualtar e de outros lugares. Uma intervenção da polícia municipal ou da PSP justifica-se plenamente,  pois trata-se de cumprir, por exemplo,  a lei e regulamentos municipais relativos  ao ruído.

Um problema a resolver ainda é o dos transportes.  Quem visita o Campus de Gualtar fica impressionado com  a quantidade de “latas”, leia-se automóveis,  às centenas, a preencher espaços alcatroados, que bem poderiam ser utlizados para melhores fins, acrescendo ainda  outras centenas  abrigados em parques cobertos. É preciso pôr termo a isso, pois  estes objectos empobrecem o Campus de Gualtar. Isso faz-se intensificando-se nomeadamente o transporte público. Com pequenos autocarros circulando continuadamente dentro do Campus poderia dispensar-se tal espectáculo. Bastaria que  houvesse  bom planeamento e  organização.

E ficam aqui por abordar assuntos do maior interesse como  a burocracia excessiva que atormenta tudo e todos,  os problemas do pessoal não docente, a progressão na carreira dos docentes e investigadores, os desafios da IA,  a autonomia das escolas e tantos outros.  Vale a pena ouvir a audição.

(DM-13-11-25)